terça-feira, 15 de julho de 2008

Sobre batuque e pandeiros mancos.

Pandeiro, pão-Demônio


Velho pandeiro que agora espanco,
velho, de couro velho e um prato manco,
madeira machucada que o tempo marcou,
em você marco o ritmo, a raiva e o que aqui passou.

O tapa é o forte que me abate.
O ritmo é a alegria - que esta não me mate.
O som quase típico, o copo inteiro etílico,
amigos rindo, alguém cantando e eu espanco.

Estanco o que de mim se aflora.
Nasceu a raiva e o nervosismo sua presença implora.
Morre aqui nesse tapa, meus devaneios,
meus medos, e em meus dedos, minha demora.

Morre o pensar, o penar, o esperar.
Morre ela e tudo o que dela minha solidão explora.
Nasce o riso, o pranto tolo. E outra samba,
e outra canta e eu rebolo.

Mão que de tanto bate que se abate o embate.
Desilusão, um toque, um tchau e um "vai-te...".
À merda, é claro. Porque pandeiro é malcriado
e de tanto apanhar fez-se meu criado.

Guilherme Assen, poema ao meu velho.

5 comentários:

Unknown disse...

Que HONRA.
um poema lindo, fruto da torrente de inspiração que insiste em acometer poetas natos.
PARABENS, irmão. Vc manda muito!
abraaaaço (que logo será ao vivo! ufa!)

Unknown disse...

"Mão que de tanto bate que se abate o embate."

Parte preferida do poema, dá para ouvir o pandeiro de seu velho tocando aqui.

Tomates, bigodes
e um pandeiro...

José Roberto de Moraes disse...

Ha! ha!

Descobri quem anda fazendo samba de branco no meu pandeiro.
Afinal, quem não samba na entrada aprende depois de muito treinar.

José Roberto de Moraes

Larissa disse...

Gui, ainda bem que você deixou aquela vida de engenheiro pra trás!
Quanta sorte a nossa!
:)

Beijos

Lalá

Anônimo disse...

sua mãe vai começar a esconder seus poemas, como ela fez com seu instrumento, toma cuidado.
=)

te adoro e to com saudades.
essa semana estou fora, mas volto na última!
tenha boas ferias, jah que vc tm ferias. =/