sexta-feira, 21 de março de 2008

Algo entre o literário e o pessoal

Divina cobrança

Algo de bom, disse Deus.
E eu sem saber o que dizer.
Algo de bom?
Algo de bom já faço
Respiro,
Sem fazer nada,
O dia inteiro passo.

Mas algo de bom há de se fazer.
Ficar rico, escrever um livro.
Algo de bom, entende?

Rico! Todos querem isso.
Quero o que não querem.
E livro? Quê babaca lê?

Algo de bom, Deus,
Já faço.
Enfim,
Disfarço.


Guilherme Assen
Março de 2008



Acadêmicos já afirmam que a poesia está morrendo. Espalha-se por aí que já existem mais poetas do que leitores de poesia. Piada burra, de fato. Um poeta escreve e lê poesias. Há poetas que apenas leêm. Não há poetas que apenas escrevem. Devaneio, mas para ser poeta basta estar vivo. Não há a necessidade de ter um 'quintana' ou um 'baudelaire' no nome. São comercialidades da publicidade e não da poesia.

Afinal, os poetas escrevem para quem? Perguntar isso é o mesmo que discutir futebol, dificilmente chega-se à conclusão; conversas chatas, alongadas, discussões desagradáveis. A pergunta é: os poetas escrevem para quê? E então já não se sabe a resposta. Mar, bunda e Deus. Três poemas e de certo não escritos para a mesma finalidade. Digo que escrevo e que nem sei se sou poeta. Há quem diga não ser poesia. A prosa me dá preguiça, e assim respondo a razão fútil de meu lirismo.

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