segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Do pouco que entendo de sentimento poético

Digo que a poesia
é um modo de ser
criança - cria
para onde quer.

As frases têm pernas:
Os poemas convidam
ao som e às imagens
das palavras amigas.

(Fernando Paixão. "Fantasia de autor".
in: Dia brinquedo. São Paulo: Ática, 2004.)

Olhos arregalados, olhos de quem enxerga o mundo pela primeira vez. Audição, visão e olfato em seus estados mais exaltados. Pouco fala, muito pensa; pensa em palavras, ritmo, rimas e anáforas. Cada instante de sua visão é reduzido a métrica e ampliado ao sentido. A construção poética revela então um outro mundo. Texto escrito. Ponto final posto.

Olhos arregalados, olhos de quem enxerga aquela página pela primeira vez. A visão esbanja preferência e a audição e o alfato tornam-se quase imperceptíveis. Pouco fala, muito pensa. Pensa em palavras, significados, figuras de linguagem e de pensamento. Cada métrica é ampliada à sua visão e o sentido extraído de cada rima, cada anáfora. A leitura poética revela então um terceiro mundo. Nunca o presenciado pelo poeta, jamais o metrificado, mas sim o contextualizado. Texto lido. E o ponto jamais é final, apenas um convite à releitura.



Estou lendo "Versos, sons e ritmos" da Prof. Dra. Norma Goldstein. Livro curto, mas de importância absurda. Recomendo a todos que gostam de poesia e lingüística.