sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Algo de infinito

Há mar

Poesia pra mim é o mar.
É olhar o horizonte e não ver um fim.
É saber que há outros ares, outras terras
E não enxergar.

Um poema cabe no espaço do olhar.
Procurar o horizonte,
Tentar distinguir o céu do oceano
E só respirar.

Cada verso. Cada grão de areia.
Não há infinito mais finito que o mar.
Quantos litros? Quantas rimas?
Minha cabeça sabe quantas há.
Meus olhos são incapazes de contar.

Poesia é pular de encontro às ondas,
Sentir sua força deixá-las passar.
Vez ou outra acompanhá-las,
Deixar-se levar.

O verão tem um fim.
Mas volta, o sol volta a esquentar.
Poesia, céu, maresia. Há mar.


Guilherme Assen
Janeiro de 2008.


Longe de alcançar Caeiro em ‘Pessoa’, esse poema foi algo novo. Hoje percebo que se fez sozinho acompanhado de uma sensação de liberdade. Olhar o mar, apoiar o lápis no papel e deixar-se levar pela sensação leve que o calor e o ‘nada para fazer a não ser aproveitar o dia’ provocam. O mais perto que cheguei do meu lirismo e para ser sincero não lembro como o alcancei. Espero que seja o primeiro de muitos. Assim que vejo a poesia. Há mar, a poesia.